Outras 21 mulheres foram agredidas com ripa de madeira por PM no Ceará, denuncia uma das vítimas: ‘Colocou todas em posição de flexão’.
Pelo menos mais 21 mulheres também foram agredidas com ripa de madeira por um policial militar durante um curso tático promovido pela Secretaria da Segurança do Ceará. A informação é de uma das vítimas do agente, que denuncia a violência ocorrida no dia 8 de junho.Ela publicou as imagens das nádegas com hematomas e questionou a ação do agente.
As aulas foram ministradas por PMs do Tocantins. De acordo com a policial, que tem 53 anos e é do Maranhão, o sumiço de uma fatia de pizza teria motivado o crime.
“Estava em outra parte quando vi aquele cara louco falando: ‘Roubaram minha pizza’, ‘São loucas’. Ele colocou todo mundo em posição de flexão e desceu a paulada em todas. Tinha 22, contando comigo”, explicou a vítima ao g1 Ceará.
Conforme a policial, as outras vítimas ainda não denunciaram o caso. A agente registrou um Boletim de Ocorrência (BO), fez exame de corpo e delito e até desistiu de continuar o curso.
A Secretaria da Segurança do Ceará abriu uma investigação para apurar a agressão a policiais femininas. O governador do Ceará, Elmano de Freitas, classificou a denúncia como “inadmissível e revoltante” e ordenou a troca do diretor-geral da Academia Estadual de Segurança Pública, que promoveu o treinamento.
A Controladoria Geral de Disciplina, que investiga denúncias contra agentes de segurança no Ceará, também abriu procedimento disciplinar para investigar o caso no âmbito administrativo.
O curso de quatro semanas foi promovido pela Secretaria de Segurança do Ceará para treinamento de mulheres militares de Pernambuco, Maranhão, Paraná, Rio Grande do Norte e Piauí.
A proposta do curso era de treinamento em defesa pessoal, de técnicas operacionais policiais, de salvamento, entre outros procedimentos.
“Me chamou de velha”
Ainda conforme a denunciante, um segundo momento de agressão aconteceu quando o PM pediu que as policiais se retirassem do local.
Como parte das agentes já estavam com marcas devido ao treinamento, o retorno à sala de instrução não foi feito com rapidez, o que teria estressado o professor.
“Ele mandou voltar porque achava que a gente estava retardando. Lá tudo tem que ser corrido. Ele botou a gente em posição de flexão de novo, eu e mais três, e desceu a paulada de novo. Mas, dessa vez, foi com mais ódio, tanto que gritei de dor. Não consegui (ficar calada)”, relatou.
O policial teria ficado ainda mais raivoso com gritos da vítima e passou a proferir xingamentos como “velha” e perguntava o que ela, que vinha do Maranhão, estava fazendo ali.
“A agressão dói na hora, mas o que fica é a dor psicológica. Dói e te move a fazer o que estou fazendo. Não tem sido fácil. Eu saí do curso, mas o curso não saiu de mim até hoje. Estou em tratamento (terapêutico)”, disse ao g1.
G1 Ceará