Ceará segue com máximas em torno dos 39ºC; especialista detalha cuidados com a saúde.


O Brasil e o Ceará vivem, durante esta semana, mais uma onda de calor que alerta para cuidados a serem tomados com a saúde, principalmente, de idosos e crianças. A previsão da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) para os próximos três dias no Estado é de que as máximas continuem em torno dos 39ºC. Até quarta-feira (15), a previsão do órgão é de céu com poucas nuvens ao longo do dia, situação que pode intensificar os efeitos do calor. O OPINIÃO CE conversou com a pediatra Gerly Anne Nóbrega, que destacou as principais recomendações para este período.
Segundo a médica, ações como beber muito líquido e ter cuidado ao se expor ao sol são as principais orientações. As instruções têm como meta impedir complicações que podem variar tanto em grau como em suas formas de atuação, sendo diretas ou indiretas. “Se uma pessoa vai para a praia e passa muito tempo, ela pode pegar uma insolação, que varia de uma queimadura de primeiro até terceiro grau”, explicou. “Às vezes a pessoa acha que ficando na barraca não queima, mas dá no mesmo, só não é direto na pele”, completou. Gerly Anne alertou sobre o câncer de pele.
“O sol pode até não queimar muito, mas se você tiver uma queimadura, a longo prazo, você pode ter o CBC, o Carcinoma Basocelular, que está diretamente ligado à ação do sol”.
Como lembrou a profissional da saúde, as pessoas que possuem trabalhos em que precisam estar expostas no sol, “têm que se proteger”. “Até com aquelas blusas de manga comprida. A gente acha estranho o povo que vive no deserto, que é todo coberto, mas eles são todos cobertos exatamente por isso”. Gerly ressaltou ainda para a importância do protetor solar. “É importantíssimo. Você pode usar até o fator 100, mas tem que a cada três ou quatro horas passar novamente. Não é porque usou o 100 que vai servir”.
CONSEQUÊNCIAS INDIRETAS
Outra preocupação com a forte onda de calor é a desidratação. Como pontuou a médica, com as altas temperaturas, as pessoas tendem a suar mais e, consequentemente, urinar menos. Tal circunstância pode acarretar em perda de eletrólitos. “Quanto mais você sua, mais você vai perder eletrólitos como sódio, potássio e magnésio”, afirmou. Como efeito indireto do calor, a pessoa pode sofrer com uma câimbra, por exemplo, devido à falta de potássio.
“Quando você sua demais você diminui a quantidade de líquido dentro dos vasos sanguíneos, e aí você vai ter fraqueza, moleza, náusea, vômitos. Então varia de um efeito direto do Sol até um efeito indireto, porque eu perco eletrólito e posso ter câimbra, aí você diz: ‘câimbra não tem nada a ver com calor’, tem. Tem tudo a ver com o calor”.
Além da perda de eletrólitos, a diminuição da quantidade de água nos vasos sanguíneos decorrente do suor pode causar cansaço. Como explicou Gerly, o organismo vai manter em funcionamento o que tem necessidade de estar funcionando, como o cérebro, o coração e os rins. “O resto, ele diminui a vascularização, então você tem fraqueza, não tem coragem de fazer nada”.
AUSÊNCIA DE NUVENS POTENCIALIZA O CALOR
Segundo Anete Fernandes, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a ausência das nuvens pode potencializar os efeitos do calor. “Quando a gente tem ausência de chuva nesta época do ano, que chamamos de veranico, a ausência de nuvens favorece uma grande incidência de radiação na superfície, que é o que está acontecendo agora. Então, as temperaturas se elevam muito”, detalhou em entrevista à Agência Brasil publicada nesta segunda-feira (13).
Conforme a meteorologista, a configuração de baixas pressões, característica dessa época do ano, está funcionando em grande parte do País. No entanto, em médios níveis da atmosfera, existe uma circulação de alta pressão que impede o desenvolvimento das nuvens de chuva. “Quando há essa condição de baixa superfície e não tem as nuvens, isso potencializa ainda mais o aquecimento da atmosfera”, analisou.
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