Ativistas protestam contra extração de urânio em Santa Quitéria durante discurso de Elmano
- Ceará Popular Santa Quitéria
- admin
- 17 de junho de 2024
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Buscando debater questões climáticas, o Centro de Eventos recebe, a partir desta segunda-feira (17), o Seminário “Ceará pelo Clima: Desenvolvimento, Sustentabilidade e Justiça Social”. Além dos painéis, palestras e debates, a cerimônia de abertura teve protestos em razão da mineração de urânio no Estado. Durante o discurso do governador Elmano de Freitas (PT), um grupo de ativistas protestou contra a instalação de um empreendimento de exploração mineral no município de Santa Quitéria, no Interior do Ceará.
Com um cartaz escrito em letras garrafais “No clima de morte com Urânio”, os jovens se mantiveram frente ao palco em toda a fala do petista. Em entrevista exclusiva ao OPINIÃO CE, uma ativista do movimento, que preferiu não se identificar, contou que o ato visa reivindicar os prejuízos da “maior mineração de urânio e fosfato do Brasil”. “Nós temos um projeto em Santa Quitéria com os povos indígenas que estão na rota de risco da mineração”.
“São essas pessoas que vão adoecer e que não vão ter equipamento necessários para fazer a manipulação das substâncias”, refletiu a ativista sobre o impacto direto da atividade na comunidade local. Questionada sobre a relação do governo com a pauta, a jovem revelou que não há uma proximidade concreta, por parte do órgão, em reaver os potenciais prejuízos da instalação do empreendimento.
“O IBAMA recebeu os estudos e está nesse processo de análise. Só que a Semace compartilhou nas redes sociais que o projeto já estava encaminhado. Não há diálogo. O Governo do Estado quer que essa mineração aconteça sem considerar os riscos que essa mineração vai trazer para a população”, destacou a ativista.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (SEMA) e a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), mas até a data de publicação deste material não recebeu respostas.
MINERAÇÃO EM SANTA QUITÉRIA
No ano passado, o governador assinou um memorando, junto ao Consórcio Santa Quitéria, para prosseguir com o projeto de exploração mineral no município. Em suma, o empreendimento visa a produção de fertilizante fosfatado e urânio entre os municípios de Santa Quitéria e Itatira, a 217 km de Fortaleza. Ao todo, a instalação terá um investimento de R$ 2,3 bilhões e tem sido alvo de críticas de movimentos sociais, ambientalistas, indígenas e pesquisadores.
Atualmente, o empreendimento aguarda a Licença Prévia (LP) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) para ser continuado. Conforme o memorando de entendimento (MoU), o projeto trata-se de um complexo mineroindustrial, que consiste tanto na extração como na concentração do minério e industrialização de fosfato e urânio, que, em seguida, serão transformados em produtos para a produção de alimentos e geração de energia.
Conforme divulgado no Diário Oficial do Estado (DOE), o MoU vai vigorar pelos próximos cinco anos, mas pode ser rescindido com antecedência mínima de 60 dias, por qualquer das partes do acordo. Ainda conforme o documento, as consorciadas se comprometerão a realizar “todos os monitoramentos e controles necessários para a garantia da segurança de suas operações e das comunidades do entorno, seguindo a legislação aplicável e as melhores práticas”.
Com informações de Opinião.Ce