Com chuvas fortes, entrada de água nos açudes do CE cresce 23 vezes em uma semana.

 Com chuvas fortes, entrada de água nos açudes do CE cresce 23 vezes em uma semana.

Legenda: Castanhão foi o segundo reservatório que recebeu mais água neste início de ano Foto: Honório Barbosa

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A última semana foi de registros expressivos de chuva em quase todo o Ceará, especialmente na última quarta-feira (15), quando três cidades bateram a marca de 200 milímetros. O resultado teve reflexo na quantidade de água que chegou aos açudes: em sete dias, o aporte aos reservatórios do Estado cresceu 23 vezes.

O dado foi verificado pelo Diário do Nordeste junto às resenhas diárias da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). Do dia 1º ao dia 10 de janeiro, o Ceará havia recebido 9,10 milhões de m³ de água; já nesta sexta (17), alcançou 209,79 milhões de m³.

Em termos comparativos, esse foi o maior aporte dos últimos três anos. No mesmo período de 2024, até 17 de janeiro, a resenha indicou aporte de 70,78 milhões de m³; em 2023, foram apenas 20,60 milhões de m³; e, em 2022, um volume de 216,55 milhões de m³.

Até a semana passada, o Estado não tinha açudes sangrando e dois estavam acima de 90%. Com as chuvas recentes, dois sangraram e outros cinco superaram os 90%.

Apesar dos avanços, a distribuição de chuvas afetou as bacias hidrográficas de forma diferente. Das 12 existentes no Ceará, nove tiveram aporte positivo, com destaque para a do Litoral, com 12 pontos percentuais a mais. Veja a diferença:

  • Litoral: de 65,8% para 77,8%
  • Coreaú: de 66,6% para 69,8%
  • Acaraú: de 73,5% para 76,1%
  • Curu: de 55,8% para 55,9%
  • Metropolitana: de 59,1% para 59,5%
  • Sertão de Crateús: de 12,5% para 14%
  • Banabuiú: de 35,4% para 35,7%
  • Médio Jaguaribe: 27,8% de para 27,9%
  • Alto Jaguaribe: de 54,6% para 55,8%

Por outro lado, três bacias registraram decréscimo no mesmo período:

  • Serra da Ibiapaba: 61,3% de para 61,1%
  • Baixo Jaguaribe: de 60,3% para 59,6%
  • Salgado: de 48,1% para 48%

Ainda conforme a resenha, de forma geral, o volume armazenado nos 157 reservatórios estaduais cresceu sutilmente, de 42,64% para 43,37%.

PRINCIPAIS AÇUDES

Outra boa notícia é que a água está chegando a grandes açudes do Estado. Na última semana, o Orós (segundo maior) teve o principal aporte do Estado, seguido pelo Castanhão (maior). Embora o percentual seja pequeno, isso representa a entrada de milhões de litros, dada a magnitude dos reservatórios:

  • Orós, com capacidade para 1.125 hm³, passou de 58% para 58,8%
  • Castanhão, capacidade para 1.817 hm³, foi de 27,12% para 27,19%

Além dos “gigantes”, mais três reservatórios aparecem na lista de melhores resultados:

  • Forquilha (50 hm³): estava com 72,10% e sangrou
  • Arneiroz II (116 hm³): passou de 65,4% para 71,6%
  • Taquara, em Cariré (236 hm³): de 71,4% para 74,2%

O cenário atual indica nove açudes em volume morto, abaixo de 5% da capacidade: Barra Velha, Bonito, Broco, Colina, Facundo, Penedo, Pompeu Sobrinho, Sousa e Várzea do Boi. Outros três – Favelas, Jatobá e Madeiro – estão totalmente secos.

Gráfico de seis açudes no Ceará
Legenda: Gráfico mostra evolução do aporte desde dezembro do ano passado
Foto: Cogerh

PREVISÃO DO TEMPO

A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) explicou que a aproximação de um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN) que se desloca do Leste da região Nordeste na direção do estado do Ceará tem relação com as chuvas desse período.

Há indicativo de aumento da nebulosidade, com chuvas mais expressivas em todas as macrorregiões, principalmente no noroeste do Estado, no sábado (18), e na faixa litorânea e no Cariri, no domingo (19).

A estação chuvosa oficial no Ceará corresponde, anualmente, ao período de fevereiro a maio. Precipitações em dezembro e janeiro caracterizam a chamada pré-estação.