Mina em Santa Quitéria: Brasil pode se tornar exportador de Urânio.

Estande do Projeto Santa Quitéria (Foto: Divulgação)

Restando apenas detalhes para o seu lançamento oficial, o Projeto Santa Quitéria, que abriga a maior jazida de fosfato e urânio do Brasil, é um dos destaques da edição do PEC Nordeste deste ano. Em entrevista ao Opinião CE, o gerente executivo de licenciamento ambiental, Christiano Brandão, falou sobre os trâmites do projeto e adiantou que o Ibama deve conceder a autorização ambiental na próxima semana.
O Projeto Santa Quitéria é uma iniciativa de mineração localizada no município de Santa Quitéria, no Ceará, voltada à extração e beneficiamento de urânio e fosfato. A jazida de Itataia, onde o projeto está situado, é uma das maiores do Brasil, com reservas de 8,9 milhões de toneladas de fosfato e 80 mil toneladas de urânio.
Christiano Brandão ainda falou sobre a produção dos fertilizantes e como isso vai ajudar na produção agropecuária no Ceará. “O Projeto Santa Quitéria visa abastecer 25% de todo Norte e Nordeste do Brasil, o que diz respeito aos fertilizantes fosfatados. Esse insumo, em sua maior parte, é importado para o Brasil, já que nós temos pouca produção de fosfato no país. O Brasil importa aproximadamente 87% dos seus fertilizantes e nada melhor do que a gente ter nesse território, com uma agricultura tão pujante, um projeto que possa localmente fornecer esses insumos para o produtor rural não só do Ceará, mas todo Norte e Nordeste”, apontou.
Em relação à produção de energia elétrica, o gerente executivo reforçou a parceria com o Governo do Estado para o suprimento de parte da energia elétrica dessa unidade, mas ressaltou a importância da autoprodução de 85% de energia elétrica do programa. “O programa foi pensado já para ser um autoprodutor de energia elétrica. Dentro da planta de fertilizantes, há uma grande geração de vapor de água, que então foi desenvolvido um processo de captação ao vapor para transformá-lo em energia limpa”, enalteceu.
Apesar dos benefícios econômicos e produtivos, o projeto enfrenta críticas e preocupações, especialmente relacionadas aos impactos ambientais e sociais. Há também questionamentos sobre a adequação dos processos de licenciamento ambiental e a consulta a comunidades tradicionais afetadas.
Em sua fala, Christiano Brandão relembrou recentes acontecimentos, mas afirmou que “o projeto não terá barragem de rejeitos“.
“Esse projeto desenvolveu uma tecnologia de exploração desse minério a seco, o que elimina a necessidade de uma barragem de rejeitos, sempre uma grande preocupação, principalmente devido a acidentes ocorridos no passado. Portanto, não há barragem de rejeitos. Trata-se de um projeto que opera em circuito fechado, ou seja, toda a água é integralmente reutilizada, sem o lançamento de qualquer tipo de efluente no ambiente externo”, finalizou.

O Projeto Santa Quitéria representa uma aposta significativa no desenvolvimento econômico do Ceará, com potencial para fortalecer a produção nacional de fertilizantes e energia nuclear. No entanto, é essencial que os desafios socioambientais sejam adequadamente enfrentados para garantir que os benefícios do projeto sejam sustentáveis e inclusivos.
Fonte: Opinião.Ce