Jornal da capital destaca situação política de Santa Quitéria.

 Jornal da capital destaca situação política de Santa Quitéria.
Digiqole ad

“Com prefeitos afastados dos cargos por questões jurídicas, vice-prefeitas cearenses têm assumido o comando das gestões municipais e enfrentado tensões políticas ao afirmarem-se em um novo patamar de protagonismo.
Há resistência entre vereadores e conflitos com os antigos líderes e aliados, inclusive com implicações partidárias, já de olho em 2024. É o caso de Lígia Protásio, em Santa Quitéria, e de Ana Patrícia, em Acopiara.

LÍGIA PROTÁSIO (SANTA QUITÉRIA)
O comando político de Santa Quitéria é alvo de intensa disputa. Corre na Câmara Municipal um processo de cassação da prefeita interina, Lígia Protásio (PP), apoiado por aliados do prefeito afastado pela Justiça, Braguinha (PSB).
Ele enfrenta um processo por supostas irregularidades em contratos da Prefeitura para limpeza pública e abastecimento de veículos da gestão.
Este, por sua vez, também foi alvo de tentativa de impeachment na Casa, onde tem maioria, mas a investida morreu em dois dias: na sexta-feira (11), os vereadores decidiram pelo arquivamento da denúncia de Renato Catunda (PT), líder da gestão Lígia no Parlamento Municipal.
Caso o processo de cassação da atual prefeita seja realmente finalizado, o rompimento entre os dois gestores pode ganhar uma nova proporção, já que a Prefeitura ficaria sob o comando de Joel Barroso (PSB), presidente da Câmara e filho de Braguinha.
A crise no município surgiu com pontuais atritos entre Lígia e Braguinha ao londo mandato e se consolidou nas eleições de 2022, quando apoiaram candidatos diferentes ao Legislativo e ao Executivo.
A primeira fez campanha para o governador Elmano de Freitas e para o senador e ministro Camilo Santana, ambos do PT, enquanto o segundo apoiou Roberto Cláudio (PDT) e Érika Amorim (PSD) ao Governo Estadual e ao Senado, respectivamente.
A situação se tornou pública em janeiro deste ano, quando Braguinha exonerou Ari Loureiro, cônjuge de Lígia, da Secretaria Municipal da Segurança Pública e Cidadania. Ela, então, publicou um vídeo nas suas redes sociais anunciando que estava migrando para a oposição.
Na publicação, ela lembrou as tratativas para a composição de chapa em 2020, em que Braguinha precisava de uma vice “mulher, jovem e sabedora dos serviços da saúde, pois era isso que o derrubava nas pesquisas internas”.
Após a campanha bem sucedida, contudo, Lígia afirma que viu suas funções serem esvaziadas, levando-a a crer que tinha sido vítima de uma espécie de “estelionato e trapaça eleitoral”. Ela também citou a tensão nas eleições do ano passado.
“Confundiram parceria com submissão. A minha função administrativa foi gradativamente podada. […] Depois de me apertar de todas as formas, a única secretaria em que eu podia entrar sem que os servidores sentissem medo de serem demitidos, foi retirada”, disse, referindo-se à pasta de segurança.
Uma vez no comando do município, Lígia renovou o secretariado e cargos do segundo escalão do governo, alocando aliados e enfraquecendo o poder remanescente de Braguinha no município, como de praxe em cenários como este.
Uma das novas secretárias, inclusive, é sua cunhada. Trata-se de Gleiciane Alcântara Protásio, chefe do Planejamento, Gestão e Finanças.
Quanto ao cabo de guerra na Câmara Municipal, o processo contra Lígia – classificado por ela como uma tentativa de “golpe” – ainda está em fase inicial. A prefeita ainda não foi notificada e, quando isso ocorrer, terá um prazo de 10 dias para apresentar defesa.
Depois disso, a relatoria vai dar um parecer pela cassação ou arquivamento, que será votado no plenário. Para que o impeachment seja confirmado, são necessários nove votos. Segundo Renato Catunda, até o momento, a oposição tem sete. Joel Barroso, filho de Braguinha, só votaria em caso de empate.
Enquanto toca as medidas de gestão em Santa Quitéria, Lígia também calcula os próximos passos na política. Aliada ao bloco governista, ela estuda uma nova acomodação partidária, que pode ser no Republicanos, assim como Ana Patrícia.
O Diário do Nordeste perguntou se a prefeita interina gostaria de se manifestar sobre o momento político do município, e aguarda retorno. A reportagem também procurou Braguinha. Quando houver resposta, o texto será atualizado.”