Relatório para detalhar causas do ‘apagão’ sai em 45 dias úteis, diz ONS; veja o que se sabe.

 Relatório para detalhar causas do ‘apagão’ sai em 45 dias úteis, diz ONS; veja o que se sabe.
Digiqole ad

O relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) que irá detalhar as causas da interrupção de energia no último dia 15 de agosto, que teria iniciado a partir de um evento no Ceará, será concluído em 45 dias úteis, segundo Informe Preliminar de Interrupção de Energia no Sistema Interligado Nacional (IPIE), primeiro documento divulgado depois da ocorrência. No próximo dia 25, está marcada a primeira reunião, com participação do Ministério de Minas e Energia, Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e agentes do setor, para avaliar as informações apuradas até o momento e o início da confecção do relatório. O segundo encontro ocorrerá em 1º de setembro.

O documento detalhado pelo ONS também deve basear investigações na CPI instalada na Assembleia Legislativa do Ceará sobre os serviços da Enel no Estado. Segundo o deputado estadual Felipe Mota (União Brasil), membro do colegiado, o relatório subsidiará as decisões para o trabalho de investigação da Comissão Parlamentar.

O apagão nacional segue com causas indefinidas, mas as primeiras pistas da ocorrência começaram a ser divulgadas pelo ONS. Em informe preliminar publicado na noite de quinta-feira, 17, o ONS aponta falhas que teriam iniciado no Ceará e gerado uma reação em cadeia para 25 Estados e Distrito Federal. Segundo o documento, a interrupção começou às 8h30, com queda no fornecimento de 19 mil megawatts, cerca de 27% da carga total (73 mil MW) naquele horário. O ponto de partida foi desligamento da linha de transmissão 500 kV Quixadá-Fortaleza II, pertencente à Eletrobras Chesf, com “uma atuação incorreta no sistema de proteção da linha, que operava dentro dos limites, ocasionou o seu desligamento”, diz o documento.

Não houve registro de queimadas ou tempo severo no momento da ocorrência, fatores que poderiam comprometer a operação. O ONS ressalta que, “isoladamente, um evento dessa natureza não é suficiente para ocasionar” o apagão.

“Na avaliação inicial, demonstrada às instituições do setor elétrico, a equipe técnica do ONS reiterou que um evento dessa natureza, de forma isolada, não seria suficiente para ocasionar a interrupção de energia elétrica observada na ocorrência em questão. O desligamento refletiu desproporcionalmente em equipamentos adjacentes e ocasionou oscilações elétricas (tensão e frequência) no sistema das regiões Norte e Nordeste”.

Com a interrupção, houve uma separação nas interligações entre as regiões Norte e Nordeste das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

O operador afirma também que depois de 600 milissegundos os chamados Proteções de Perda de Sincronismo (PPS) foram acionados e possibilitaram “a abertura controlada de linhas que compõem as interligações Norte – Nordeste, Nordeste – Sudeste e Norte – Sul, separando o SIN em três áreas elétricas”. As cargas em todas as regiões passaram a ser recompostas em poucos minutos após a queda. De acordo com o operador, até as 10h, o fornecimento já havia sido normalizado nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. O sistema foi totalmente restaurado às 14h49, segundo o operador nacional.

O fornecimento de energia em todo o Ceará foi finalizado às 12h14, horas após estados operados pela Enel: São Paulo (9h20) e Rio de Janeiro (8h48), que também sofreram com apagões.

PRECAUÇÃO

Após o apagão, o ONS informou ter reduzido carregamento das linhas de transmissão e adiado manutenções programadas como forma de garantir o fornecimento de energia. “No momento, o sistema está sendo operado em condições mais conservadoras para garantir a segurança do atendimento conforme previsto nos Procedimentos de Rede. Entre as medidas tomadas pelo Operador, estão a redução no carregamento das linhas de transmissão e a postergação de manutenções programadas“, diz o informe divulgado na noite desta quinta-feira, 17.

CEARÁ

Ainda na terça-feira, dia do evento, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que um dos eventos que ocasionou o apagão ocorreu no Ceará. Conforme o titular, uma sobrecarga de energia foi registrada em uma região não especificada do Estado, o que causou colapso no sistema como um todo em um efeito cascata. As afirmações foram feitas em entrevista coletiva realizada em Brasília. “Graças a robustez do nosso sistema, não tem como um evento dessa magnitude [apagão] ocorrer sem que haja uma redundância de fatos relevantes. E um desses fatos já está detectado no norte do Nordeste, mais precisamente no estado do Ceará“, disse Silveira.

Conforme ele, o problema foi observado em uma linha de transmissão em uma das subestações do Estado. Além do evento detectado no Ceará, um outro teria prejudicado o fornecimento nacional.

Durante a coletiva de imprensa, o ministro evitou apontar culpados, dizendo que o ocorrido pode ter sido ocasionado, inclusive, por uma série de eventos. “Não tive a preocupação, nesse ponto específico, de apontar qual a empresa. Seria leviano, da minha parte”, disse. “Não estou aqui para apontar possibilidades. Estou aqui para poder esclarecer o povo brasileiro que houve o restabelecimento [da energia] e todas as providências foram tomadas nesse período. Não deixaremos de comunicar à sociedade brasileira dos desdobramentos das outras apurações”, pontuou.

Opinião.ce